quarta-feira, setembro 27, 2006

Carlos Cardoso


“No ofício da verdade é proibido pôr algemas nas palavras.”

Carlos Cardoso, 1985





Carlos Cardoso, jornalista moçambicano, assassinado a 22 de Novembro de 2000. Um idealista, cuja própria vida se confunde com a história da independência de Moçambique. Um país que amou e defendeu até ao fim. Foi a sua força, a sua independência, a sua convicção, a sua “rebeldia” mal compreendida por muitos, a sua honestidade, que conduziram, naquela tarde fatídica, um Citi Golf vermelho para silenciar uma voz impar contra a corrupção em Moçambique.


“Logo que a notícia se espalhou, desencadeou uma onde de choque e repulsa por toda a sociedade moçambicana. A voz do primeiro-ministro, Pascoal Mocumbi, estava embargada pela emoção quando, à noite, falou na televisão a condenar o assassínio. Colegas que o visitaram na morgue sucumbiram às lágrimas diante do corpo crivado de balas.
Nessa noite, o local do crime transformou-se numa capela improvisada. O Toyota do Metical (jornal dirigido por Carlos Cardoso na altura) tinha parado ao lado do cepo de uma árvore no passeio. Foi aí que começaram a ser postas velas e mensagens. Durante os dias a seguir, as flores empilhavam-se e mais mensagens de dor e indignação eram afixadas na parede próxima.
(…)
Durante mais de um quarto de século, numa vida de trabalho que coincidiu com a vida de Moçambique como nação independente, Cardoso deu corpo ao que houve de melhor no jornalismo moçambicano, a tudo o que era honesto, inquisitivo e combativo. Foi admirado, respeitado e amado, mesmo por alguns que foram sujeitos às críticas acutilantes no seu jornal.
(…)
Dirigindo-se aos presentes, o presidente Joaquim Chissano disse: «Costumávamos discutir com Cardoso. Discutíamos com ele porque levantava questões pertinentes que pediam a atenção de todos nós. Ele forçava-nos a pensar. Hoje, que ele não está mais entre nós, não temos com quem discutir. Quem vai levantar questões com a força que o caracterizava?»
Ao fazer o principal elogio fúnebre, o mais conhecido escritor deste país, Mia Couto, declarou: «Não estamos chorando apenas a morte de um homem. Não foi apenas Carlos Cardoso que morreu. Não mataram somente um jornalista moçambicano… morreu um pedaço do país, uma parte de todos nós.»
Quem foi este homem, capaz de inspirar uma tal torrente de pesar? Como é que um jornalista, apenas com 49 anos, quando as balas assassinas o silenciaram, veio a simbolizar tudo o que havia de mais generoso, nobre e utópico na revolução moçambicana?”


Este é apenas um pequeno excerto do livro É proibido pôr algemas nas palavras, da autoria de Paul Fauvet e Marcelo Mosse, dois dos seus colegas. Trata-se de um biografia de Carlos Cardoso, onde ficamos a compreender este homem que foi silenciado. Ele talvez, mas não as suas palavras, nem tudo quanto ele simboliza.

“Há 200 anos, o poeta revolucionário inglês William Blake escreveu: «Profetas na moderna acepção da palavra, nunca existiram (…). Cada homem honesto é um profeta: ele exprime o que pensa, tanto sobre assuntos públicos como privados. Portanto, se vias assim, o resultado é Assim. Ele nunca diz: disto vai acontecer, portanto faz o que quiseres
Neste sentido, Carlos Cardoso era o profeta da revolução moçambicana. A sua voz era a voz da indignação honesta e as suas profecias eram, muitas vezes, certíssimas. Os profetas são pessoas que inquietam os outros. Por isso, são propensos a que lhes chamem nomes. Quantas vezes, amigos impacientes, tal como os inimigos, chamaram «louco» a Cardoso! Mas quando os profetas se vão, a sua perda é sempre sentidamente chorada."


A resolução do caso do seu assassinato continua sem luz ao fundo do túnel. A verdade continua escondida, apenas ao alcance de poucos. Uma verdade escondida sobre uma névoa espessa. Pode ser que um dia a verdade seja desvendada.


“«O desaparecimento de Cardoso foi um alívio para algumas pessoas e não estou a falar dos assassinos», observou Teodato Hunguana. «Refiro-me a outros, que não têm as mãos sujas de sangue, mas para quem a sua objectividade, coragem e independência eram inconvenientes. Mas para o país e para a imprensa, a sua morte é uma perda dolorosa.»


Podem ter desaparecido com o homem, mas não desapareceram com o seu espírito, com a sua presença, embora não física. Por isso mesmo, mais forte cada vez que Carlos Cardoso é recordado.


“Algumas vezes, Cardoso contava a amigos e familiares mais próximos que acreditava na reincarnação. É difícil para o seu biógrafo saber até que ponto esta crença era forte (…). Mas há algo de muito fascinante na ideia do espírito de Cardoso pairando sobre esta cidade, olhando para nós, que estamos a escrever cá em baixo.
Aquilo que os jornalistas de hoje escrevem tornará verdadeira – ou ridícula – a frase pintada em letras gigantes no local onde os assassinos o fizeram cair: «Cardoso Vive!».”


Assim seja…



Excertos retirados do livro “É proibido pôr algemas nas palavras”, de Paul Fauvet e Marcelo Mosse, Colecção Estudos Africanos, da Caminho.


Espero ter despertado a vossa curiosidade para a vida e obra de um homem que marcou a história de um país. Este é um livro que recomendo. Espero que gostem.

Silêncio


O exercício do silêncio é tão importante quanto a prática da palavra.


William James






Photo: Tad Cholinski

terça-feira, setembro 26, 2006

Ramadão


Numa época em que povos e religiões parecem estar em conflito constante, parecem ter esquecido o que é conviver em harmonia, dedico o texto de hoje ao Ramadão. Mais do que ao próprio Ramadão, aos meus amigos, islamitas, muçulmanos, mas também católicos, hindus, judeus ou mesmo ateus. Pois, não nos podemos esquecer que a Amizade não escolhe raças, credos, religiões ou cor de pele.


«O Ramadão, Ramadã ou Ramadan (em árabe رَمَضَان), é o nono mês do calendário islâmico. É o mês durante o qual os muçulmanos praticam o seu jejum ritual (saum, صَوْم), o quarto dos cinco pilares do Islão (arkan al-Islam).

A palavra Ramadão encontra-se relacionada com a palavra árabe ramida, “ser ardente”, possivelmente pelo facto do Islão ter celebrado este jejum pela primeira vez no período mais quente do ano. Uma vez que o calendário islâmico é lunar, o Ramadão não é celebrado todos os anos na mesma data, podendo passar por todas as estações do ano.

Trata-se de um mês sagrado, período de renovação da , da prática mais intensa da caridade, e vivência profunda da fraternidade e dos valores da vida familiar. Neste período pede-se ao crente maior proximidade dos valores sagrados, leitura mais assídua do Alcorão, frequência à mesquita, correcção pessoal e auto-domínio.

O jejum é observado durante todo o mês, do alvorecer ao pôr-do-sol. O jejum aplica-se também ao fumo e às relações sexuais. O crente deve não só abster-se destas coisas, mas também não pensar nelas.

Durante o Ramadão, é comum uma maior assiduidade à mesquita. Além das cinco orações diárias (salat), durante este mês sagrado recita-se uma oração especial chamada Taraweeh (oração noturna).

É o único mês mencionado pelo nome no Alcorão:

"O mês do Ramadão foi o mês em que foi revelado o Alcorão, orientação para a humanidade e evidência de orientação e discernimento." (Alcorão Sagrado 2:185)»

in: Wikipedia



O radicalismo leva a nada. Ou melhor, leva. Leva à destruição. Destruição de um lar, de uma família, de uma cidade, de uma nação. Leva à destruição da amizade entre povos que séculos atrás partilhavam Conhecimento. Pois é, amigos, será que já se esqueceram que muitos dos conhecimentos marítimos que deram “Novos Mundos ao Mundo” devêm da relação entre Lusos e Árabes?

Vamos, então, aproveitar para trocar conhecimento, experiências, tentar compreender o porquê desta ou daquela celebração religiosa. Só nos conhecermos mutuamente é que podemos conviver em Paz e Harmonia. Espero que, um dia, tal seja possível.



«Obrigatoriedade

O jejum é obrigatório a todos os muçulmanos que chegam à puberdade. A primeira vez em que um jovem é autorizado a jejuar pelos pais constitui um momento importante na sua vida e uma marca simbólica de entrada na vida adulta.

Há várias justificativas válidas para não jejuar: gravidez, menstruação, enfermidade, trabalho braçal extenuante e estar em viagem. Os dias de jejum não praticado devem ser cumpridos em outra ocasião, antes do próximo Ramadão.


Refeições

Su-Hoor

Antes da alvorada, há uma pequena refeição (su-hoor), que substitui o café da manhã (pequeno-almoço) habitual.

Iftar

Ao término de cada dia, o jejum é finalizado com uma oração e uma refeição especial tomada em comum, chamada iftar (árabe: إفطار). É momento para reunirem-se os membros da família e os seus amigos numa celebração de fé e de alegria. Após esta refeição, é prática social sair com a família para visitar amigos e familiares.

Actualmente, com a ampliação do diálogo inter-religioso, algumas pessoas de outras religiões são convidadas a partilhar este momento de convívio e é cada vez mais frequente que cristãos ofereçam e celebrem um iftar para os seus amigos muçulmanos.


Feriados

Dois dos mais importantes feriados religiosos são celebrados neste mês sagrado: Laylat al Kadr e ‘Id al Fitr.

Laylat al Kadr

Laylat al Kadr ("noite do destino"; "noite do poder"; "noite da determinação"; "noite do decreto divino") é celebrado na noite do dia 26 para o 27 do Ramadão, data em que se comemora a noite em que Profeta Muhammad recebeu a primeira revelação do Alcorão. Muitos muçulmanos passam esta noite a rezar, acreditando que os pedidos feitos durante estas horas serão atendidos por Deus.

‘Id al Fitr

‘Id al Fitr - Eid ul-Fitr (Árabe: عيد الفطر) - ("o banquete do término do jejum"), no encerramento do mês do Ramadão, no primeiro dia do mês de Shawwal, é um feriado celebrado durante três dias. Banquetes são servidos, presentes são trocados, roupas novas são vestidas. Amigos e familiares rezam em congregação e fazem banquetes.

Em muitas cidades islâmicas grandes festividades são realizadas para celebrar o ‘Id al Fitr. Os turcos chamam esta festa de Sheker Bairam (festa do açúcar). Está prescrito nesta festa a prática da Zakat al fitr, doação de esmolas da quebra do jejum.

Em sua aparência exterior esta celebração islâmica assemelha-se ao Natal cristão.»


in: Wikipedia



Só me resta desejar um Feliz Ramadão a todos, sejam muçulmanos, cristãos, hindus, budistas, judeus ou ateus. Um Bem Haja a Todos!!

domingo, setembro 24, 2006

Amor!!!

"O Sinal da Rosa" - Filipe Pereira


Poetas e filósofos têm tentado, ao longo dos séculos, definir a palavra Amor. Existem muitas teorias, significados para o mesmo conceito. Mas será que atingiram a sua essência?? Afinal, o que é o Amor??


A palavra amor (do latim amore), pode ser traduzido por "afeição", "compaixão", "misericórdia". Também pode ser interpretado como inclinação, atracção, apetite, paixão, querer bem, satisfação, conquista, desejo, libido, etc. O conceito mais popular de amor envolve, de modo geral, a formação de um vínculo emocional com alguém, ou com algum objecto que seja capaz de receber este comportamento amoroso e alimentar as estimulações sensoriais e psicológicas necessárias para a sua manutenção e motivação.

Ainda assim, são muitas as tentativas de conceituar e classificar a palavra amor. Fala-se do amor das mais diversas formas: amor físico, amor platónico, amor materno, amor a Deus, amor à vida. É o tipo de amor que tem relação com o carácter da própria pessoa e a motiva a amar (no sentido de querer bem e agir em prol).

In: wikipedia
O que dirão os poetas?

Amar é cansar-se de estar só. É a necessidade da alma de ser exterior.
Fernando Pessoa

Eu nunca vi rosa que para meus olhos fosse mais formosa.
Luís de Camões


O que dirão os filósofos?

O amor é a mais forte das paixões,
porque ataca simultaneamente a cabeça,
o coração e os sentidos.
Voltaire

Quem ama extremamente, deixa de viver em si e vive no que ama
Platão

O amor não se procura; encontra-se.
Pitágoras


O que dizem os escritores?

A suprema felicidade da vida é
ter a convicção de que somos amados.
Vítor Hugo

O homem que não amou apaixonadamente
ignora a metade mais formosa da existência.
Stendhal

Amar é superar-se.
Óscar Wilde

Não há jardins sem flores, nem coração sem amor.
Cervantes


E, assim, podíamos continuar indefinidamente…
Aqui vos deixo dois poemas que escolhi:


O amor é uma companhia.
Já não sei andar só pelos caminhos,
Porque já não posso andar só.
Um pensamento visível faz-me andar mais depressa
E ver menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir vendo tudo.
Mesmo a ausência dela é uma coisa que está comigo.

E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar.
Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas.
Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dela.

Todo eu sou qualquer força que me abandona.
Toda a realidade olha para mim como um girassol com a cara dela no meio.

Alberto Caeiro



Quem diz que Amor é falso ou enganoso,
Ligeiro, ingrato, vão desconhecido,
Sem falta lhe terá bem merecido
Que lhe seja cruel ou rigoroso.

Amor é brando, é doce, e é piedoso.
Quem o contrário diz não seja crido;
Seja por cego e apaixonado tido,
E aos homens, e inda aos Deuses, odioso.

Se males faz Amor em mim se vêem;
Em mim mostrando todo o seu rigor,
Ao mundo quis mostrar quanto podia.

Mas todas suas iras são de Amor;
Todos os seus males são um bem,
Que eu por todo outro bem não trocaria.

Luís de Camões

sábado, setembro 23, 2006

“É impossível para um homem
aprender aquilo que ele acha
que já sabe.”


Epicteto
“The Shell” – Nuno Ferro

“Deixei de ser branda para ser franca!”



“Deixei de ser branda para ser franca!” Quem o diz é uma “pessoa” muito especial para mim. De facto, em certas alturas na nossa vida é a única solução. A mais correcta.
A Verdade parece “sensibilizar” muitas pessoas. Se tal acontece, é porque essa Verdade tem fundamento. Se ficam ofendidas, é porque afinal sempre é verdade.

“Deixei de ser branda para ser franca!” Foi obrigada a isso. A Vida assim me obrigou. A desilusão assim me tornou. Quando a raiz e o tronco apresentam defeitos, os ramos e as folhas não podem ser saudáveis. Os frutos ganham bicho e apodrecem.

“Deixei de ser branda para ser franca!” A isso fui obrigada. A isso me vi obrigada. A isso obrigaram-me.


Autoria: Luana
“Palavras em Silêncio” - Sissi

A tua única obrigação,
durante toda a tua existência,
é seres verdadeiro para contigo próprio.”

Autoria: Richard Bach

quinta-feira, setembro 21, 2006

Será errado lutar por um ideal???

"Ideal world" - Oliver Hodgson
Houve uma pessoa que me disse que o meu problema era lutar por ideais. Será que é errado lutar por um ideal?? Quando o ideal é errado, até o posso aceitar. Mas nem sempre sabemos se o ideal pelo qual estamos a lutar em dada altura é o certo.
Tempo houve em que lutei por um que pensava ser o "ideal" naquela altura. Por ele desisti de um outro. Desisti de tudo, no fundo. Acabei por ficar sem ele e sem nada. Na altura fiz o que achava correcto. Não me arrependo. Só devemos nos arrepender daquilo que não fazemos, nunca do que fizemos. Assim é que podemos crescer enquanto Pessoa.
Mas digam-me: é errado lutar-se por ideais?? Apesar de tudo, continuo a achar que se deve, ainda que mais tarde verifiquemos que não era o mais indicado. Só assim a vida faz sentido.
Agora, reencontrei os meus ideais e acrescentei outros. A minha visão mudou. Terá sido o modo como vejo as coisas ou terei sido eu que mudei???
Autoria: Luana

quarta-feira, setembro 20, 2006

Eu sou como sou!

Jorge Valério

Eu sou como sou! Quem não gosta paciência. Há quem goste. Estou a ser muito radical? Temos pena. Porque me tornei assim? Porque muitas vezes decepcionamo-nos com as pessoas.
Umas fingem ser uma coisa e revelam-se outra. Outras falam muito e depois ficam-se por isso mesmo. Outras tentam arranjar intrigas para separar ou para fazer com que as pessoas desentendam-se. Para quê? Qual o propósito disto tudo? Querem enganar-se a sim próprias ou aos outros?
Amizades acabam-se. Relações terminam. Uns por umas razões, outros por outras. Tudo na vida tem um começo e um fim.
Mas uma coisa que começa e termina comigo é a minha personalidade. Essa não muda. Vou atrás daquilo que quero e acredito. Não preciso de usar a garganta para me mostrar. Acreditem: quanto mais se usam as cordas vocais, mais elas mentem.
Não tenho paciência para certo tipo de pessoas: aquelas que mostram ser uma coisa e revelam ser outra, que andam sempre com ares superiores, que se julgam ser superiores e mais inteligentes do que os outros. Não suporto mentirosos. A mentira e a cobardia estão sempre lado a lado. Quem mente, não passa de um cobarde. Depois, no final, deparamo-nos com futilidade, incompetência e burrice.
Pois é, meninas e meninos. Se não gostaram do que leram, e porque não cabem no meu grupo de amigos. Sabem o que vos digo? Temos pena. Mais vale poucos mas bons, do que muitos mas maus.

Autoria: Luana



Eu

Até agora eu não me conhecia.
Julgava que era Eu e não era
Aquela que em meus versos descrevera
Tão clara como a fonte e como o dia.

Mas que eu não era Eu não o sabia
E, mesmo que o soubesse, o não dissera...
Olhos fitos em rutila quimera
Andava atrás de mim... e não me via!

Andava a procurar-me - pobre louca! -
E achei o meu olhar no teu olhar,
E a minha boca sobre a tua boca!

E esta ânsia de viver, que nada acalma,
E a chama da tua alma e esbrasear
As apagadas cinzas da minha alma!

Florbela Espanca

terça-feira, setembro 19, 2006

Um refúgio...


Existem momentos em que apetece isolarmo-nos de tudo e de todos. No fundo, encontrar paz.

Nada melhor do que mergulhar no azul profundo das águas.

O azul acalma, pacifica. A água envolve o corpo. A frescura percorre todos os membros.

A mente é levada para longe. Por caminhos transcendentais.

Por fim, a paz é alcançada!


Autoria: Luana

Obrigado por seres meu amigo!!

DreamCatcher


Obrigado por seres meu amigo! Obrigado por teres estado ao pé de mim em momentos em que parecia que iria enlouquecer. Obrigado por estares ao pé de mim em momentos de plena felicidade. Obrigado por saberes aquilo que preciso e no momento em que preciso. Obrigado simplesmente por existires na minha vida.

Esta é a minha homenagem a todos os meus amigos que deixei em vários pontos do globo. A Todos eles, o meu forte abraço. Adoro-vos!!! Obrigado por existerem!

Autoria: Luana

sábado, setembro 16, 2006


Soneto de Amor

Não me peças palavras, nem baladas,
Nem expressões, nem alma…Abre-me o seio,
Deixa cair as pálpebras pesadas,
E entre os seios me apertes sem receio.

Na tua boca sob a minha, ao meio,
Nossas línguas se busquem, desvairadas…
E que os meus flancos nus vibrem no enleio
Das tuas pernas ágeis e delgadas.

E em duas bocas uma língua… - unidos,
Nós trocaremos beijos e gemidos,
Sentido o nosso sangue misturar-se.

Depois… - abre os teus olhos, minha amada!
Enterra-os bem nos meus; não digas nada…
Deixa a vida exprimir-se sem disfarce!


José Régio

sexta-feira, setembro 15, 2006




O maior bem

Esse querer-te bem sem me quereres,
Este sofrer por ti constantemente,
Andar atrás de ti sem tu me veres
Faria piedade a toda a gente.

Mesmo a beijar-me, a tua boca mente…
Quantos sangrentos beijos de mulheres
Pousa na minha a tua boca ardente,
E quanto engano nos seus vão dizeres!...

Mas quem me importa a mim que me não queiras,
Se esta pena, esta dor, estas canseiras,
Este mísero pungir, árduo e profundo,

Do teu frio desamor, dos teus desdéns,
É, na vida, o mais alto dos meus bens?
É tudo quanto eu tenho neste mundo?


In: Charneca em Flor (1930)


BIOGRAFIA

Florbela de Alma da Conceição Lobo Espanca nasceu a 8 de Dezembro de 1894, em Vila Viçosa, Alto do Alentejo. Como era filha ilegítima, cresceu na charneca alentejana.

Florbela ou Bela, como era chamada carinhosamente pela sua família, era filha de Antónia da Conceição Lobo e de João Maria Espanca. O pai era casado com Maria Toscano. Mas como essa união não lhe gerou nenhum filho, João Maria manteve um relacionamento ilícito com Antónia. Dessa relação nasceram dois filhos: Florbela e Apeles. A mãe de Florbela logo desiste deste relacionamento e troca João Maria por um outro homem, com quem vai viver para Évora. Os dois filhos do casal passam a ser criados pelo pai e pela sua mulher, Maria Toscano.

Florbela, quando atinge a idade escolar, passa a frequentar o colégio Dona Ana Locádia, em Vila Viçosa. Ao concluir o primeiro ciclo de ensino é transferida para a escola secundária do professor Romeu, onde permaneceu até o ano de 1907, quando conclui o 3º ano. Os seus primeiros versos datam dessa época. Junto com toda a família vai para Évora e ingressa no Liceu André de Gouveia, onde permanece até 1912. A sua permanência nesse estabelecimento não é bem vista, sobretudo pelos professores, pois nessa época ainda havia muito preconceito em relação ao acesso da mulher a estabelecimentos de ensino secundário.

No dia em que completa 19 anos (8 de Dezembro), Florbela casa-se com Alberto Moutinho. Em 1919, após o fracasso desse casamento, matricula-se na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Nesse mesmo ano publica o livro de poesias "Livro de Mágoas", que passa despercebido pela critica e pelo público.

No ano de 1923, publica o livro "Soror de Saudade", que também passa desapercebido. Em 1925, depois do fracasso do segundo casamento com António Guimarães, Florbela casa-se, com Mário Lage. Outro fracasso. Florbela então tem uma relação com o médico e pianista Luís Maria Cabral, que não termina em casamento.

No meio desse torvelinho de paixões, destaca-se a figura de seu irmão Apeles, que morreu a 6 de Junho de 1927. Tudo indica que devido à morte de uma namorada. Ele era piloto e mergulhou com sua aeronave nas águas do Tejo. A partir daí, Florbela jamais voltou a ser como antes. Por isso, temos a sensação de que o grande amor da sua vida era o irmão.
Numa carta escrita ao pai, a poetisa diz:
"Não me sinto nada bem e estou magríssima... Estou uma velha cheia de cabelos brancos e sem vontade para nada".

Em Agosto de 1928, Florbela Espanca tenta suicidar-se. Em Novembro de 1930, tenta o suicídio pela segunda vez. Finalmente, em 8 de Dezembro desse mesmo ano, é encontrada morta em sua casa em Matosinhos. No seu quarto, debaixo do colchão, são encontrados dois frascos de Veronal, uma droga com poder hipnótico de acção prolongada, que a poetisa tomava para conseguir dormir.

Como pode perceber-se, 8 de Dezembro marca três coincidências curiosas na vida de Florbela:8 de Dezembro de 1894, data de nascimento;
8 de Dezembro de 1914, data do seu primeiro casamento;
8 de Dezembro de 1930, data da sua morte.

Só depois da sua morte é que a poetisa viria a ser conhecida pelo grande público. Para isso contribuiu a publicação de "Charneca em Flor" (1930), pelo professor italiano Guido Batelli.

In: Mundo Cultural







Amar!

Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: Aqui… além…
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente…
Amar! Amar! E não amar ninguém!

Recordar? Esquecer? Indiferente!...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!

Há uma Primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!

E se um dia hei de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder… pra me encontrar…



Ser Poeta

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro é de cetim…
É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente…
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!


In: Charneca em Flor (1930)

quinta-feira, setembro 14, 2006

“O Nascimento de Vénus” (1483)
Sandro Botticelli (1445-1510)
Pintor italiano da Escola Florentina
Onde pára o Amor Verdadeiro?
- Quando olho à minha volta, muitas das relações que eu vejo entre duas pessoas são tão vazias de conteúdo. Gostam, mas não gostam; amam, mas de repente deixam de amar; estão com uma pessoa, mas pensam envolver-se com outra ao mesmo tempo; ou não conseguem manter uma relação séria e têm uma, duas, três…
Afinal, o que será que andam à procura? Ou será que têm uma vida tão vazia de sentimentos que têm de a preencher de qualquer forma. Onde fica o respeito mútuo? Onde fica o verdadeiro sentimento?
- As coisas são como são, Luana. Nada podes fazer para as mudar. Não existem contos de fadas.
- Relações perfeitas não existem, bem sei. Mas será que não existe o Amor Perfeito? O encontro de duas pessoas que sabes que existem uma para a outra? Alguém que mexa com todos os nossos sentidos? Se assim não for, que sentido tem vida?
- O Homem é um ser sociável por natureza. Não consegue viver sem ser em sociedade.
- Mas se assim é, porque é que a maioria das pessoas não consegue manter uma relação sem a atropelar com uma outra oculta? Porque é que tão depressa dizem “amo-te”, mas depois vão a correr atrás de algo que acaba por não os preencher?
- Não sei. Também gostava de o saber. Desculpa, não tenho uma resposta clara, curta e concisa para isso. Talvez seja porque não conseguem se sentir realizados com o que têm, talvez porque encontrem algo que o preencha, talvez porque a sua natureza seja essa. São poucos os animais que se mantêm fieis a um só companheiro ao longo da sua vida. E não nos podemos esquecer que o Homem não passa senão de um animal, que embora domesticado, ainda tem muito de selvagem. O instinto ainda prevalece sobre a razão em muitas situações.
- Que piada pode ter a vida sem encontrarmos alguém com quem nos sentimos seguros, completos. Alguém com quem podemos compartilhar nossos medos, alegrias, tristezas, receios… Afinal, não existimos para nos amarmos? E consegue existir Amor sem Respeito? Será que quando não existe respeito, o amor também não está lá? Ou será que o fruto proibido continua a ser o mais apetecido? Não quero acreditar nisso. Espero continuar a acreditar que existe um Amor verdadeiro, algures por ai…

terça-feira, setembro 12, 2006

Existem muitas formas de nos sentirmos compensados

Existem muitas formas de nos sentirmos compensados. E hoje foi um dia desses dias. Recebi um e-mail de um ex-aluno. Foi o melhor aluno da escola e teve o melhor trabalho de final de curso, que orientei enquanto fui sua professora. Essa recompensa é a dele e de todo o trabalho que teve. A minha deve-se ao seu agradecimento pelo papel que tive na sua educação e, principalmente, pela forma simples e singela como o expressou. E isso valeu tudo.Aqui fica o meu forte abraço e muito orgulho por todos aqueles que foram meus alunos. Posso lhes ter transmitido os poucos conhecimentos que tenho, mas eles também me ensinaram muita coisa. Desde a humildade, a simplicidade, a vontade de vencer apesar de todas as dificuldades, a luta diária pela sobrevivência num país como Moçambique... Com vocês eu cresci como pessoa. A todos vocês, o meu Muito Obrigado!! Um bem haja a todos.

Esta é uma homenagem a todos os meus antigos alunos do IPCI, em Maputo, Moçambique. Uma homenagem pelo papel extremamente importante que tiveram na minha vida, assim como a todos aqueles com quem trabalhei e travei amizade. Vou sempre vos ter no meu coração. A distância é apenas física.

segunda-feira, setembro 11, 2006

11 de Setembro. Uma data que ficará registada na História da Humanidade. Uma religião, que fala de amor pelo próximo e de paz, é utilizada por mentes que a usam como uma arma mortífera. Mas será que um deus, seja ele qual for, aceita tamanha maldade?



O ódio só causa mais ódio. Vingança só gera mais vingança. Um círculo vicioso. O radicalismo alimentado por este tipo de sentimento consegue ser duplamente mortífero: para aqueles que perdem a vida e para aqueles que perdem os seus entes queridos, independentemente do país, crença ou cultura a que pertençam.



Seja como for, as imagens daquele dia vão ficar gravadas para todo o sempre. Mas, infelizmente, outras se seguiram: Madrid e Londres.
Só espero que, desta vez, o Homem aprenda a lição com o seu passado.

domingo, setembro 10, 2006

Gianni Candido
Procuremos somente a beleza, que a vida
É um punhado infantil de areia ressequida,
Um som de água ou de bronze e uma sombra que passa…
Eugénio de Castro

sábado, setembro 09, 2006

Frida Kahlo

“Pinto a mim mesma porque sou sozinha e porque sou o assunto que conheço melhor.”
Frida Kahlo, pintora mexicana, simbolismo