Amáilia Rodrigues (1920-1999)
Biografia
1920 - 1950
A sua faceta de cantora cedo se revelou. Na infância e juventude, cantarolava tangos de Carlos Gardel e canções populares que ouvia e lhe pediam para cantar. Aos 15 anos, vai vender fruta para a zona do Cais da Rocha, e torna-se notada devido ao especialíssimo timbre de voz. Integra a Marcha Popular de Alcântara (nas festividades de Santo António) de 1936. O ensaiador da Marcha insiste para que Amália se inscreva numa prova de descoberta de talentos, chamada Concurso da Primavera. Amália acabará por não participar, pois todas as outras concorrentes se recusam a competir com ela.
Conhece nessa altura o seu marido Francisco da Cruz, um guitarrista amador, casando em 1940 (o casamento durou cerca de dois anos). Um assistente recomenda-a para a casa de fados mais famosa de então, o Retiro da Severa, mas Amália acabará por recusar esse convite, e depois adiar a resposta, pois só em 1939 irá cantar nessa casa.
Alcança tremendo êxito no Retiro da Severa, e torna-se a vedeta do fado com uma rapidez notável. Passa a actuar também no Solar da Alegria e no Café Luso. Sendo o nome mais conhecido de todos os cantores de fado, faz com que por onde actuasse as lotações se esgotem, inflacionando o preço dos bilhetes. Em poucos meses atinge tal reconhecimento e popularidade que o seu cachet é o maior até então pago a fadistas.
Estreia-se no teatro de revista em 1940, como atracção da peça "Ora Vai Tu", no Teatro Maria Vitória. No meio teatral encontra Francisco Valério, compositor de muitos dos seus fados. Actua pela primeira vez fora de Portugal, pois a convite do embaixador Pedro Teotónio Pereira canta em Madrid.
Em 1944 consegue um papel proeminente, ao lado de Hermínio Silva, na opereta Rosa Cantadeira, onde interpreta o Fado do Ciúme de Frederico Valério. Em Setembro, chega ao Rio de Janeiro acompanhada pelo maestro Fernando de Freitas para actuar no Casino Copacabana. Aos 24 anos Amália tem já um espectáculo concebido em exclusivo para ela. A recepção é de tal forma entusiástica que o seu contrato inicial de 4 semanas se prolongará por 4 meses. É convidada a repetir a tournée, acompanhada por bailarinos e músicos.
É no Rio de Janeiro que Frederico Valério compõe um dos mais famosos fados de todos os tempos: Ai Mouraria, estreada no Teatro República. Grava discos, motivando grande interesse das companhias de Hollywood.
Em 1947 estreia-se no cinema com o filme Capas Negras, o filme mais visto em Portugal até então, ficando 22 semanas em exibição. Um segundo filme, do mesmo ano, é Fado, História de uma Cantadeira.
Amália vai pela primeira vez cantar em Paris, no Chez Carrère, e a Londres no Ritz, em festas do departamento de Turismo que António Ferro organiza. A internacionalização de Amália aumenta com a participação, em 1950, nos espectáculos do Plano Marshall, o plano de apoio dos EUA à Europa do pós-guerra, em que participam os mais importantes artistas de cada país. O êxito repete-se por Trieste, Berna, Dublin (onde canta a canção Coimbra, que, atentamente escutada pela cantora francesa Yette Giraud a populariza em todo o mundo como Avril au Portugal), e Paris. Em Roma, Amália actua no Teatro Argentina, sendo a única artista ligeira num espectáculo em que figuram os mais famosos cantores da chamada música clássica.
1970 - 1999
Em 1997 é editado pela Valentim de Carvalho o seu último álbum com gravações inéditas realizadas entre 1965 e 1975 (Segredo). No mesmo ano dá-se o falecimento do marido de Amália, César Seabra, com quem era casada havia 36 anos. Amália publica um livro de poemas (Versos) (ed. Cotovia). É-lhe feita uma grande homenagem nacional na Feira Mundial de Lisboa (Expo 98).
A 6 de Outubro de 1999, Amália Rodrigues morre com 79 anos, pouco depois de regressar da sua casa de férias no litoral alentejano. Sepultada no Cemitério dos Prazeres, o seu corpo é posteriormente trasladado para o Panteão Nacional, em Lisboa, onde repousam as personalidades consideradas expoentes máximos da nacionalidade.
Discografia
Perseguição, 1945
Tendinha, 1945
Fado do Ciúme, 1945
Ai Mouraria, 1945
Maria da Cruz, 1945
Ai Mouraria, 1951/52
Sabe-se Lá, 1951/52
Novo Fado da Severa, 1953
Una Casa Portuguesa, 1953
Primavera, 1954
Tudo Isto é Fado, 1955
Foi Deus, 1956
Amália no Olympia, 1957
Povo que Lavas no Rio, 1963
Estranha Forma de Vida, 1964
Amália Canta Luís de Camões, 1965
Formiga Bossa Nossa, 1969
Amália e Vinicius, 1970
Com que Voz, 1970
Fado Português, 1970
Oiça Lá ó Senhor Vinho, 1971
Amália no Japão, 1971
Cheira a Lisboa, 1972
Amália no Canecão, 1976
Cantigas da Boa Gente, 1976
Lágrima, 1983
Amália na Broadway, 1984
O Melhor de Amália - Estranha Forma de Vida, 1985
O Melhor de Amália volume 2 - Tudo Isto é Fado, 1985
Obsessão, 1990
Abbey Road 1952, 1992
Segredo, 1997 "
Aquela estranha forma de vida denominada Amália Rodrigues deixou-nos há sete anos. A 6 de Outubro de 1999 deixou-nos. Sem dúvida uma das figuras que levou a alma lusa para fora de fronteiras. Sem dúvida uma das grandes personagens deste Portugal, que deixa muitas saudades.
Vale a pena recordar.
"Amália da Piedade Rebrodão Rodrigues (Lisboa, 23 ou 1 de Julho de 1920 – 6 de Outubro de 1999) foi considerada o exemplo máximo do fado.
Nasceu na Pena, numa família pobre da Beira Baixa. O seu assento de nascimento refere ter nascido às cinco horas de 23 de Julho de 1920. Amália dizia, no entanto, que o seu aniversário era celebrado a 1 de Julho ("no tempo das cerejas"), "talvez por ser essa a altura do mês em que havia dinheiro para lhe [me] comprarem os presentes".
Tornou-se conhecida mundialmente como a Rainha do Fado e, por consequência, devido ao simbolismo que este género musical tem na cultura portuguesa, foi considerada por muitos como uma embaixadora do país.
Vale a pena recordar.
"Amália da Piedade Rebrodão Rodrigues (Lisboa, 23 ou 1 de Julho de 1920 – 6 de Outubro de 1999) foi considerada o exemplo máximo do fado.
Nasceu na Pena, numa família pobre da Beira Baixa. O seu assento de nascimento refere ter nascido às cinco horas de 23 de Julho de 1920. Amália dizia, no entanto, que o seu aniversário era celebrado a 1 de Julho ("no tempo das cerejas"), "talvez por ser essa a altura do mês em que havia dinheiro para lhe [me] comprarem os presentes".
Tornou-se conhecida mundialmente como a Rainha do Fado e, por consequência, devido ao simbolismo que este género musical tem na cultura portuguesa, foi considerada por muitos como uma embaixadora do país.
Biografia
1920 - 1950
A sua faceta de cantora cedo se revelou. Na infância e juventude, cantarolava tangos de Carlos Gardel e canções populares que ouvia e lhe pediam para cantar. Aos 15 anos, vai vender fruta para a zona do Cais da Rocha, e torna-se notada devido ao especialíssimo timbre de voz. Integra a Marcha Popular de Alcântara (nas festividades de Santo António) de 1936. O ensaiador da Marcha insiste para que Amália se inscreva numa prova de descoberta de talentos, chamada Concurso da Primavera. Amália acabará por não participar, pois todas as outras concorrentes se recusam a competir com ela.
Conhece nessa altura o seu marido Francisco da Cruz, um guitarrista amador, casando em 1940 (o casamento durou cerca de dois anos). Um assistente recomenda-a para a casa de fados mais famosa de então, o Retiro da Severa, mas Amália acabará por recusar esse convite, e depois adiar a resposta, pois só em 1939 irá cantar nessa casa.
Alcança tremendo êxito no Retiro da Severa, e torna-se a vedeta do fado com uma rapidez notável. Passa a actuar também no Solar da Alegria e no Café Luso. Sendo o nome mais conhecido de todos os cantores de fado, faz com que por onde actuasse as lotações se esgotem, inflacionando o preço dos bilhetes. Em poucos meses atinge tal reconhecimento e popularidade que o seu cachet é o maior até então pago a fadistas.
Estreia-se no teatro de revista em 1940, como atracção da peça "Ora Vai Tu", no Teatro Maria Vitória. No meio teatral encontra Francisco Valério, compositor de muitos dos seus fados. Actua pela primeira vez fora de Portugal, pois a convite do embaixador Pedro Teotónio Pereira canta em Madrid.
Em 1944 consegue um papel proeminente, ao lado de Hermínio Silva, na opereta Rosa Cantadeira, onde interpreta o Fado do Ciúme de Frederico Valério. Em Setembro, chega ao Rio de Janeiro acompanhada pelo maestro Fernando de Freitas para actuar no Casino Copacabana. Aos 24 anos Amália tem já um espectáculo concebido em exclusivo para ela. A recepção é de tal forma entusiástica que o seu contrato inicial de 4 semanas se prolongará por 4 meses. É convidada a repetir a tournée, acompanhada por bailarinos e músicos.
É no Rio de Janeiro que Frederico Valério compõe um dos mais famosos fados de todos os tempos: Ai Mouraria, estreada no Teatro República. Grava discos, motivando grande interesse das companhias de Hollywood.
Em 1947 estreia-se no cinema com o filme Capas Negras, o filme mais visto em Portugal até então, ficando 22 semanas em exibição. Um segundo filme, do mesmo ano, é Fado, História de uma Cantadeira.
Amália vai pela primeira vez cantar em Paris, no Chez Carrère, e a Londres no Ritz, em festas do departamento de Turismo que António Ferro organiza. A internacionalização de Amália aumenta com a participação, em 1950, nos espectáculos do Plano Marshall, o plano de apoio dos EUA à Europa do pós-guerra, em que participam os mais importantes artistas de cada país. O êxito repete-se por Trieste, Berna, Dublin (onde canta a canção Coimbra, que, atentamente escutada pela cantora francesa Yette Giraud a populariza em todo o mundo como Avril au Portugal), e Paris. Em Roma, Amália actua no Teatro Argentina, sendo a única artista ligeira num espectáculo em que figuram os mais famosos cantores da chamada música clássica.
1970 - 1999
Em 1997 é editado pela Valentim de Carvalho o seu último álbum com gravações inéditas realizadas entre 1965 e 1975 (Segredo). No mesmo ano dá-se o falecimento do marido de Amália, César Seabra, com quem era casada havia 36 anos. Amália publica um livro de poemas (Versos) (ed. Cotovia). É-lhe feita uma grande homenagem nacional na Feira Mundial de Lisboa (Expo 98).
A 6 de Outubro de 1999, Amália Rodrigues morre com 79 anos, pouco depois de regressar da sua casa de férias no litoral alentejano. Sepultada no Cemitério dos Prazeres, o seu corpo é posteriormente trasladado para o Panteão Nacional, em Lisboa, onde repousam as personalidades consideradas expoentes máximos da nacionalidade.
Discografia
Perseguição, 1945
Tendinha, 1945
Fado do Ciúme, 1945
Ai Mouraria, 1945
Maria da Cruz, 1945
Ai Mouraria, 1951/52
Sabe-se Lá, 1951/52
Novo Fado da Severa, 1953
Una Casa Portuguesa, 1953
Primavera, 1954
Tudo Isto é Fado, 1955
Foi Deus, 1956
Amália no Olympia, 1957
Povo que Lavas no Rio, 1963
Estranha Forma de Vida, 1964
Amália Canta Luís de Camões, 1965
Formiga Bossa Nossa, 1969
Amália e Vinicius, 1970
Com que Voz, 1970
Fado Português, 1970
Oiça Lá ó Senhor Vinho, 1971
Amália no Japão, 1971
Cheira a Lisboa, 1972
Amália no Canecão, 1976
Cantigas da Boa Gente, 1976
Lágrima, 1983
Amália na Broadway, 1984
O Melhor de Amália - Estranha Forma de Vida, 1985
O Melhor de Amália volume 2 - Tudo Isto é Fado, 1985
Obsessão, 1990
Abbey Road 1952, 1992
Segredo, 1997 "
in: Wikipédia, a enciclopédia livre
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