segunda-feira, outubro 23, 2006

Queremos mais taxas!!!!


A Banca nacional tem vindo a registar, nos últimos anos, lucros recorde. Isto quando, segundo se diz, o país atravessa uma crise económica. Imaginem se não atravessasse…

Só para terem uma ligeira ideia, o BPI registou, nos primeiro nove meses deste ano, um lucro de 218,1 milhões de euros, ou seja, mais 60,4 milhões de euros do que em igual período de 2005. O mesmo será dizer que, entre Janeiro e Setembro de 2006, o banco liderado por Fernando Ulrich registou um lucro de 217.7 milhões de euros.

Pois é, com a banca é soma e segue. E já repararam que, no nosso extracto bancário, as parcelas também somam e seguem?? Taxa para isto, taxa para aquilo…. Qur um empréstimo? Sim, senhora.. Precisa de quanto?? Ora, bem… temos uma taxa para XX e outra taxa para YY….

Mas, felizmente, existem pessoas que, indignadas perante certas situações, resolvem expor as suas ideias. E já que este post é dedicado à banca nacional, aqui fica uma carta que me enviaram por e-mail, bem original, dirigida a uma das entidades bancárias existentes no nosso país.

Divirtam-se a lê-la. Mas mais do que isso, ela dá que pensar…


«Esta carta foi direccionada ao Banco BES (Banco Espírito Santo), porém devido à criatividade com que foi redigida, deveria ser direccionada a todas as instituições financeiras.
O que acham?

CARTA ABERTA AO BRADESCO

Exmos Senhores Administradores do BES

Gostaria de saber se os senhores aceitariam pagar uma taxa, uma pequena taxa mensal, pela existência da padaria na esquina da v/. rua, ou pela existência do posto de gasolina ou da farmácia ou da tabacaria, ou de qualquer outro desses serviços indispensáveis ao nosso dia-a-dia.

Funcionaria desta forma: todos os meses os senhores e todos os usuários, pagariam uma pequena taxa para a manutenção dos serviços (padaria, farmácia, mecânico, tabacaria, frutaria, etc.). Uma taxa que não garantiria nenhum direito extraordinário ao utilizador. Serviria apenas para enriquecer os proprietários sob a alegação de que serviria para manter um serviço de alta qualidade ou para amortizar investimentos. Por qualquer produto adquirido (um pão, um remédio, uns litros de combustível, etc.) o usuário pagaria os preços de mercado ou, dependendo do produto, até ligeiramente acima do preço de mercado.

Que tal?

Pois, ontem saí do meu BES com a certeza que os senhores concordariam com tais taxas. Por uma questão de equidade e de honestidade. A minha certeza deriva de um raciocínio simples.

Vamos imaginar a seguinte situação: eu vou à padaria para comprar um pão. O padeiro atende-me muito gentilmente, vende o pão e cobra o serviço de embrulhar ou ensacar o pão, assim como, todo e qualquer outro serviço. Além disso, impõe-me taxas. Uma "taxa de acesso ao pão", outra "taxa por guardar pão quente" e ainda uma "taxa de abertura da padaria". Tudo com muita cordialidade e muito profissionalismo, claro.

Fazendo uma comparação que talvez os padeiros não concordem, foi o que ocorreu comigo no meu Banco.

Financiei um carro. Ou seja, comprei um produto do negócio bancário. Os senhores cobraram-me preços de mercado. Assim como o padeiro cobra-me o preço de mercado pelo pão.
Entretanto, de forma diferente do padeiro, os senhores não se satisfazem cobrando-me apenas pelo produto que adquiri.

Para ter acesso ao produto do v/. negócio, os senhores cobraram-me uma "taxa de abertura de crédito" - equivalente àquela hipotética "taxa de acesso ao pão", que os senhores certamente achariam um absurdo e se negariam a pagar.Não satisfeitos, para ter acesso ao pão, digo, ao financiamento, fui obrigado a abrir uma conta corrente no v/. Banco. Para que isso fosse possível, os senhores cobraram-me uma "taxa de abertura de conta".

Como só é possível fazer negócios com os senhores depois de abrir uma conta, essa "taxa de abertura de conta" se assemelharia a uma "taxa de abertura da padaria", pois, só é possível fazer negócios com o padeiro, depois de abrir a padaria.

Antigamente, os empréstimos bancários eram popularmente conhecidos como "Papagaios". Para gerir o "papagaio", alguns gerentes sem escrúpulos cobravam "por fora", o que era devido. Fiquei com a impressão que o Banco resolveu antecipar-se aos gerentes sem escrúpulos.

Agora ao contrário de "por fora" temos muitos "por dentro".

Pedi um extracto da minha conta - um único extracto no mês - os senhores cobraram-me uma taxa de 1€.

Olhando o extracto, descobri uma outra taxa de 5€ "para a manutenção da conta" - semelhante àquela "taxa pela existência da padaria na esquina da rua".

A surpresa não acabou: descobri outra taxa de 25€ a cada trimestre - uma taxa para manter um limite especial que não me dá nenhum direito. Se eu utilizar o limite especial vou pagar os juros mais altos do mundo. Semelhante àquela "taxa por guardar o pão quente".

Mas, os senhores são insaciáveis.

A prestável funcionária que me atendeu, entregou-me um desdobrável onde sou informado que me cobrarão taxas por todo e qualquer movimento que eu fizer.
Cordialmente, retribuindo tanta gentileza, gostaria de alertar que os senhores se devem ter esquecido de cobrar o ar que respirei enquanto estive nas instalações do v/. Banco.

Por favor, esclareçam-me uma dúvida: até agora não sei se comprei um financiamento ou se vendi a alma?

Depois que eu pagar as taxas correspondentes, talvez os senhores me respondam informando, muito cordial e profissionalmente, que um serviço bancário é muito diferente de uma padaria. Que a v/. responsabilidade é muito grande, que existem inúmeras exigências legais, que os riscos do negócio são muito elevados, etc, etc, etc. e que apesar de lamentarem muito e nada poderem fazer, tudo o que estão a cobrar está devidamente coberto por lei, regulamentado e autorizado pelo Banco de Portugal.

Sei disso.

Como sei, também, que existem seguros e garantias legais que protegem o v/. negócio de todo e qualquer risco. Presumo que os riscos de uma padaria, que não conta com o poder de influência dos senhores, talvez sejam muito mais elevados.
Sei que são legais.

Mas, também sei que são imorais. Por mais que estejam protegidos pelas leis, tais taxas são uma imoralidade. O cartel algum dia vai acabar e cá estaremos depois para cobrar da mesma forma. »



Vamos passar a guardar o dinheiro debaixo do colchão????

Para saberem mais como anda a “nossa” banca, podem ver o post dedicado a este tema em:
http://www.eprecisoquealgumacoisamude.blogspot.com/

5 comentários:

Femané disse...

i like your style

Farinho disse...

Sim realmente, só faltou mesmo a taxa do ar que respirou. Sinceramente.
É por isso que fechei a minha conta e já não trabalho com banco nenhum.
Beijocas.

Luana disse...

Femané,

Thanks! ;)

Luana disse...

Farinho,

Sabes, já pensei fazer o mesmo. Até porque, com o ordenado que actualmente tenho, de pouco me serve ter o dinheiro no banco. eheheheh

Um abraço e obrigado pelos seus comentários

Adriana Roos disse...

Aqui no Brasil é igualzinho!